UM NOVO PERFIL PARA ÁRBITRO DESPORTIVOS.
CARACTERICAS DO ÁRBITRO
1) os que trabalham;
2) os que fazem trabalhar;
3) os que dão trabalho.
Aliás, estes tipos de pessoas existem em todas as organizações. Portanto, não é um privilégio exclusivo da arbitragem.
É por causa dos árbitros que não trabalham, mas que dão um trabalho danado para os intrutores e escalantes, que buscamos fórmulas no sentido de encontrar um perfil ideal de pessoa que possa atender aos interesses da arbitragem brasileira e cumprir aos seus desígnios.
Para estabelecermos o perfil do novo árbitro, precisamos, antes de qualquer coisa, mudar os nossos paradigmas.
Paradigmas são as lentes através das quais vemos o mundo e determinamos o nosso modo de pensar e de agir.
Como conseqüência, vemos o mundo não como ele é, mas como nós somos, ou seja, como estamos condicionados a vê-lo.
Os resultados da pesquisa demonstram isso com muita clareza.
Para mudar os paradigmas e com isso alterar os nossos processos mentais, resultando comportamentos diferentes, precisamos analisar e entender como esses comportamentos e atitudes são gerados.
Tanto o relacionamento, quanto o comportamento humano, são campos muito delicados de serem tratados.
O comportamento é um dos pontos que requer muita habilidade, pois ele é um somatório de vários itens, entre os quais podemos citar: educação, personalidade, temperamento, estágio de desenvolvimento, entre outros.
É comum observar nas respostas dos candidatos à árbitros desportivos, a citação de que pretendem entrar para a arbitragem de futebol para obter maior desenvolvimento pessoal.
Entretanto, os candidatos não respondem, e nós nunca perguntamos a eles, o que eles pretendem realmente fazer com tal desenvolvimento.
À medida que eles avançam, agora estagiários, depois Assistentes e mais tarde Árbitros Centrais, vamos distinguindo, com muita clareza, aqueles que alcançaram o que pretendiam, daqueles que ficaram somente na intenção.
O processo de maturidade das pessoas é construído por meio da alteração do estado de dependência para o estado de independência, e desta para a interdependência.
A trajetória (dependência - independência) inicia-se na infância.
A criança precisa ser alimentada e cuidada, aprende a andar, falar, ler, escrever, e segue paulatinamente rumo à provável independência.
Digo provável, porque a maturidade física nem sempre é acompanhada da maturidade emocional e muitas pessoas mantêm-se dependentes mesmo na fase adulta, o que as impede de vivenciar a interdependência.
A imaturidade emocional concentra-se em alguns focos de dependência: a família, a esposa, o dinheiro, o trabalho, o prazer, os bens, a igreja, são alguns exemplos.
O objetivo dessa digressão não é o de dar uma aula sobre maturidade emocional, mas demonstrar como este aspecto é importante na análise do perfil do futuro árbitro, senão vejamos:
1. A família, a esposa do candidato, ou ambos, não vêem o futebol com bons olhos, mas acabam concordando com o seu ingresso.
Este fato, por si só, coloca o candidato numa situação de dependência.
2. O candidato não ganha o suficiente para manter a sua família, quanto mais assumir novos compromissos financeiros que a Arbitragem lhe impõe.
Temos aqui uma nova situação de dependência.
Este mesmo raciocínio se aplica a outros fatores correlatos.
Talvez, o primeiro e mais importante requisito para definir o perfil do novo árbitro seja avaliar o grau de dependência e de independência do candidato para estabelecer o seu grau de maturidade, não só física, mas também emocional.
Os nossos processos de seleção não estão preparados para possibilitar esta análise. Também temos dúvidas se nós mesmos, como instrutores, estamos aptos para fazê-lo.
Por isso precisamos mudar os nossos paradigmas quanto ao processo utilizado para recrutar candidatos, trocar as lentes através das quais vemos o mundo e alternar os nossos processos mentais.
Uma coisa é certa: só a pessoa independente pode agir de forma interdependente!!!
São pessoas com alto grau de interdependência, que a arbitragem de futebol precisa.
Por isso, quando se fala em dinheiro como aspecto importante na definição do perfil do novo árbitro, não estamos falando no sentido de tomá-lo do candidato, mas no sentido de avaliarmos um dos componentes do grau de dependência ou independência do candidato.
O mesmo raciocínio se aplica ao grau de instrução.
Uma pessoa com baixo nível de escolaridade é um dependente da sua própria ignorância.
Tem dificuldade de interpretar textos e idéias, tropeça nos significados das palavras, sente-se inferiorizado nas discussões mais elevadas, tem dificuldade de abstrair, substanciar, concluir idéias e expressar pensamentos.
Entendo que o candidato deva ser:
- participativo;
- colaborador;
- realizador.
Estes atributos conduzem o indivíduo ao comprometimento.
No entanto, não basta apenas ser; é preciso, também:
- Ter capacidade de pensar sistematicamente, de ver o todo, de abstrair, de criar e inovar, de chegar à essência das coisas, de fazer acontecer, de se comunicar, de se relacionar, de iniciar mudanças, de energizar pessoas, de observar, de ler, entender e extrair.
- Ter notório saber cuja capacidade cultural esteja relacionada a conhecimentos gerais, atualidades, conexões com o ambiente atual, participação em conferências, grupos de discussão, grupos sociais, curiosidade com relação a outras culturas e modos de vida e adaptação às tecnologias disponíveis.
- Ter estabilidade financeira para que possa ser um indivíduo independente, neste quesito, e exercer a interdependência nos seus relacionamentos, sem ostentação ou superioridade.
Já existe a metodologia, já existe a orientação formal dada pela FIFA para que as entidades e associações da categoria implementassem no mais curto período de tempo o seu planejamento estratégico.
O que falta agora, é fazer.
É preciso fazê-lo com urgência, pois já não é mais possível continuar postergando tão importante iniciativa para as próprias entidades e para o futebol brasileiro.
Antonio Claudio Ventura, Ex Árbitro FPF, foi vice diretor na EAFI, Analista de Campo, Comentarista e Reporter da REDEVIDA.
Administrador de Empresas, Sgt Inativo da PMESP, Jornalista Mtb 38522/DRT-SP
Comentários
UM NOVO PERFIL PARA ÁRBITROS...
Não vou contestar a escalação do árbitro.
Mas, sim, o criterio para sua escalação...
Quem o escalou não observou a sua falta de experiência, a sua maturidade para tal desafio.
Triste ver um árbitro perdido em campo... sem saber o que fazer...
E o pior, muito mal assessorado por um quarto árbitro mais preocupado em se exibir...
ACHO QUE AMBOS DESCONHECEM "O ESPIRITO DAS REGRAS"...
NUNCA BENEFICIAR O LADO INFRATOR!!