A ARROGÂNCIA, A PREPOTÊNCIA, A IMPRUDÊNCIA ...

Chegamos ao nosso propósito de expor com mais detalhes o que esta erva daninha da Arrogância pode causar no Árbitro  descuidado e não vigilante dos seus sentimentos. 

Além dos três maus companheiros inerentes na alma humana, a Ignorância, o Fanatismo e a Ambição que assassinam o desenvolvimento da Espiritualidade em nós, a Arrogância manifesta-se como verdadeira praga no nosso Jardim mental e emocional, e se não for extirpada a tempo e alertada pode vir a tomar o modo de pensar, sentir e agir de um desportista. 

Para nos podermos vigiar e proteger-nos da Arrogância entendemos ser importante compreender melhor o que é e o que provoca na nossa alma. 

E para melhor explorar o tema utilizamo-nos dos conhecimentos de Ermance Dufaux no seu artigo listado abaixo sobre os Estudos da Arrogância, cujo gráfico abaixo faz parte.

O princípio que gera a arrogância foi desenvolvido no homem para o seu bem. 

É a ânsia natural de crescer e se realizar. 

O impulso inerente para progredir. O instinto de conservação que prevê a protecção, a defesa em todos nós. 

Tais princípios são os fatores de motivação para a coragem, a ousadia, o encanto com os desafios. 

Graças a eles surgem os líderes, o idealismo e as grandes realizações inspiradas em visões ampliadas do futuro. 

O excesso de tudo isso, no entanto, criou a paixão. A paixão gerou o vício. O vício patrocinou o desequilíbrio emocional.

Nos dicionários encontramos que: Arrogância, “qualidade ou carácter de quem, por suposta superioridade moral, social, intelectual ou de comportamento, assume atitude prepotente ou de desprezo com relação aos outros; orgulho ostensivo, altivez”.

É uma exacerbada estima a si mesmo. Supervalorização de si. Autoconceito superdimensionado. Desejo compulsivo de se impor aos demais. 

E ainda nos induz a rigidez, competição, imprudência, prepotência, estado orgulhoso de ser.

Estas são as quatro acções mais perceptíveis em decorrência do acto de se arrogar que estruturam expressiva maioria dos estados psicológicos e emocionais do Ser. 

A partir deste estado orgulhoso de ser, podemos perceber um quadro mental de rígida auto-suficiência, do qual nascem as ilusões e os equívocos da caminhada humana, arrojando-nos aos despenhadeiros da insanidade aceitável e da rivalidade envernizada.

A rigidez é a raiz das condutas autoritárias e da teimosia que, frequentemente, desaguam nos comportamentos de intolerância. 

Sob ação da rebeldia, patrocina o desrespeito ao livre-arbítrio alheio e alimenta constantemente o melindre pela vida não ser como ele gostaria que fosse.

A competição não existe sem a comparação e o impulso de disputa. 

Quando tomado pela paixão, a força motriz de semelhante ação é o sentimento de inveja. 

Na mira da rebeldia, causa o menosprezo e a indiferença que tenta empanar o brilho de outrem. 

A competição é o alimento do sentimento de superioridade.

A imprudência é marcada pela ousadia transgressora que não teme e nem respeita os limites. Quase sempre, essa inquietude da alma alcança o perfecionismo e a ansiedade que, frequentemente, desaguam na necessidade de controle e domínio. Consubstanciam modos rebeldes de ser. Desejo de hegemonia. Sentimento de poder.

A prepotência é um efeito natural da perspicácia que pode insuflar a megalomania, a presunção. Juntos formam o piso da vaidade. A rebeldia, nesse passo, conduz a uma desmedida necessidade de se fixar em certezas que adornam posturas de infalibilidade.

A arrogância retira-nos o “senso de realidade”. 

A alteração da percepção do pensamento é o factor gerador dos mais severos transtornos psiquiátricos.

Na competição, eu sou maior. Na imprudência, eu quero. Na prepotência, eu posso. 

A arrogância pensa a vida e, ao pensá-la, afasta-nos dos nossos sentimentos.

Interessante observar que uma das propriedades psicológicas doentias mais presentes na estrutura rebelde da arrogância é a incapacidade para percebê-la

O efeito mais habitual da sua ação na mente humana. Basta destacar que dificilmente aceitamos ser adjetivados de arrogantes.

Outros efeitos deste estado doentio da alma: Apego a convicções pessoais. 

Gosto por julgar e rotular a conduta alheia. Necessidade de exercício do poder. Desprezo aos esforços alheios. 

Ter resposta para tudo. Desprezar o valor alheio.

A arrogância que costumamos rejeitar como característica da nossa personalidade é responsável por uma dinâmica metamorfose dos sentimentos, prejudicando a boa convivência e o desenvolvimento da verdadeira fraternidade.

Fica aqui o alerta, portanto, para que nos vigiemos neste processo de evolução dentro da Arbitragem Desportiva, que é uma grande escola de Moral e Ética, para não incorrer no delituoso estado de arrogância ilusória que o processo desportivo nos apresenta.

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