As mudanças para as Regras do Futebol que ficaram para a discussão em 2023.


As mudanças para as Regras do Futebol que ficaram para a discussão em 2023.

Na última segunda-feira, em Doha (Catar), aconteceu a 136º reunião da IFAB, a “dona das Regras do Futebol”. Nela, a FIFA (que tem grande peso nas discussões) e os demais países membros da Internacional Board apresentaram as modificações das Regras para 2022/2023, válidas a partir do próximo dia 1º de julho. 

Vide aqui: https://pergunteaoarbitro.wordpress.com/2022/06/13/as-mudancas-para-as-regras-do-futebol-2022-2023/.

Pois bem: uma das pendências para a 137º reunião em 2023, que discutirá as mudanças das regras do futebol para 2023/2024, é bem polêmica: o aumento do tempo de bola rolando! E no centro dela, estão Arsène Wenger, ex-treinador do Arsenal-ING e Gianni Infantino, o presidente da FIFA.

Wenger se tornou homem forte na FIFA. É um consultor remunerado que goza de muito respeito com Infantino, e sua função é discutir mudanças no jogo de futebol, a fim de que o torne mais atrativo para os jovens (que é a grande preocupação da entidade hoje: os consumidores-torcedores do futuro).

E o que ele propôs anteriormente, nas outras reuniões?

Algumas ideias discutíveis:

A – Bater pênaltis antes dos jogos eliminatórios (ideia de Alex Fergunson à UEFA, que não vingou, e que Wenger ventilou na FIFA, e que não evoluiu – relembre aqui: https://wp.me/p4RTuC-gU6),

B – Chip na camisa para facilitar a marcação de impedimentos (e que traria uma dor de cabeça enorme, já que se deveria mudar a regra por conta da análise das partes jogáveis – clique aqui para entender: https://wp.me/p4RTuC-yix) e

C- Mudança da linha de impedimento para “todos os membros do corpo à frente”, independente de ser uma parte jogável ou não, a fim de aumentar o número de gols (relembre aqui: https://wp.me/p4RTuC-oSw).

Apesar das ideias abortadas, uma outra vingou:

D – A de sensores inteligentes para ajudar o VAR a traçar o impedimento de maneira automática usando a Inteligência Artificial, já experimentado na Copa Árabe (e que talvez seja usada na Copa do Catar – estando para ser confirmada ou não nas próximas semanas).

Também em polêmicas ele se envolveu: já declarou que a Seleção Espanhola de 2010 foi a melhor de todos os tempos, suplantando a Brasileira de 70 (aqui: https://wp.me/p4RTuC-58t) e, a mais recente, dizendo que “o francês Kylian Mbappé, do Paris Saint-Germain, ‘não teria se tornado o atacante que é hoje se tivesse nascido em Camarões’.” 

Referência  aqui: 

https://www.terra.com.br/esportes/futebol/internacional/equipes/paris-saint-germain/conmebol-aponta-discriminacao-de-arsene-wenger-e-critica-fifa-e-international-board,3a291a7039a006510856964963bd5b1600no9l0w.html).

Tudo isso para dizer o seguinte: Gianni Infantino se socorreu a Arsène Wenger para ajudar a por em prática sua ideia (que é pública, dita por diversas vezes): a de um jogo de futebol contar com 2 tempos de 50 minutos, permitindo maior tempo de bola rolando (depois da insistência em desejar realizar as Copas do Mundo de 2 em 2 anos, parece que o jogo de 100 minutos é a nova paixão do presidente da FIFA). A proposta seria já para o Mundial de 2022, quando em Fevereiro foi levantada a ideia. Como não seria possível devido a necessidade de se reunir com a IFAB, a FIFA orientou que as Comissões de Arbitragens de cada país agilizassem mais o jogo. Desse pedido, nasceu a orientação de menores e mais rápidas intervenções do VAR, além de deixar o jogo fluir nas supostas tentativas de cavar falta, não marcando infrações duvidosas ou possivelmente forçadas, melhorando a dinâmica das partidas – tudo para aumentar o tempo de bola rolando.

Para que isso (o jogo de 100 minutos) ocorra ou não no futuro, algumas ideias já foram levantas para 2023/2024 com o propósito de aumentar o “jogo jogado”:

  1. Wenger quer acabar com as cobranças de arremesso lateral com as mãos. Segundo ele, é muito demorado o processo do jogador pegar a bola, posicionar-se, ajeitá-la com a mão, ver o jogo e arremessá-la. A sugestão é: o jogador coloca a bola na linha lateral, e a chuta num tempo máximo de até 5 segundos, evitando uma reversão pela demora ou um possível cartão amarelo (lembram quando se instituiu 6 segundos para um goleiro repor a bola quando a agarra, depois do domínio e equilíbrio)?
  2. Parar o cronômetro quando o VAR for acionado, evitando perder tempo nas consultas (Wilson Seneme, quando esteve na Conmebol, fez exatamente a mesma proposta).
  3. Paralisação do cronômetro em determinadas pausas do jogo, como nas cobranças de faltas. o México já estuda fazer isso, sendo que o quarto-árbitro controlaria o relógio (vide aqui: https://wp.me/p4RTuC-DDI).
  4. Câmeras nos uniformes dos árbitros: a justificativa é que se paralisa muito o jogo tentando explicar as marcações aos jogadores, e as reclamações roubam o tempo da partida. Aí a ideia é atacar dois problemas com uma iniciativa a ser testadagravar os diálogos, pois isso intimidaria o jogador para que diminuísse o tempo de discussão, e evitaria agressões verbais e físicas.

A respeito dessa última ideia, Gianni Infantinno disse (retirado de seu perfil no LinkedIn):

Há 136 anos, a IFAB tem procurado como proteger o jogo e torná-lo melhor, e parte disso envolve proteger e ajudar os árbitros. Nós os ajudamos através de coisas como var, mas também temos que protegê-los de agressões, que infelizmente ocorrem em muitas partes do mundo. Hoje, os membros da IFAB concordaram em estabelecer iniciativas para enfrentar essas questões, incluindo possíveis julgamentos com câmeras corporais usadas por árbitros no futebol de base adulto. Não podemos ter jogadores, funcionários e às vezes até mesmo pais ou fãs agredindo ou agredindo árbitros. Temos que ser muito firmes e hoje a IFAB deu um passo muito importante nessa direção.

Lembrando: antes, quando o futebol era “mais lento”, eram permitidas duas substituições. Com a evolução e exigência física maior, passou-se a permitir três substituições. Com a precariedade das condições de saúde de muitos atletas, vitimados pela Covid, e as limitações do período pandêmico, abriu-se como exceção a permissão para cinco substituiçõesCom a “quase-normalidade”, ao invés de voltarmos a ter 3, aprovou-se a continuidade de 5 substituições com até 15 atletas no banco, numa clara demonstração de que se deseja ampliar o tempo de jogo (mais atletas para compensar o desgaste maior)

Em tempo: uma novidade: o Português passou a ser mais um dos idiomas oficiais da FIFA. Isso quer dizer: chega de livro de regras com tradução equivocada, como tivemos anos atrás…

Imagem do livro de Regras do futebol mais antigo do mundo, extraído de: https://esporte.ig.com.br












Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

ARBITRAGEM DE FUTEBOL COMO PAPEL SOCIAL

O VAR e a posição de impedimento

A morte faz parte, significativamente, da vida bem como o sofrimento humano.