Novas regras serão testadas para tornar o futebol mais atrativo
A FIFA deu autorização à Federação Holandesa para começar a testar um conjunto de cinco alterações às regras do jogo. Na Alemanha, a suspensão temporária será colocada em prática nos escalões amadores.
A evolução de outras modalidades tem aumentado a concorrência com o futebol e responder à angústia de agentes e adeptos é a maior preocupação de alguns responsáveis pelo futebol. Por conta disso, a FIFA deu sinais de que está atenta ao clima de mudanças que se anuncia.
A FIFA costuma testar algumas alterações antes de a International Board (IFAB) aprová-las e averiguar até que ponto poderão ter um efeito positivo na modalidade. O organismo liderado por Gianni Infantino deu sinal verde à Federação Holandesa (KNVB) para testar cinco alterações nas regras. E na Alemanha também se vivem tempos de experimentação.
Reuniram-se em Zeist, nos Países Baixos, no começo de março, representantes das federações da Alemanha, de Inglaterra, da Bélgica e dos EUA, tendo como ponto central da agenda o aperfeiçoamento e a “democratização” do VAR.
A intenção é tornar a tecnologia tão acessível quanto possível para alargar a sua utilização para um maior número de países e de competições, já que um dos princípios das regras é justamente a igualdade. Porém, a discussão ao redor das regras e do tempo útil de jogo foi a principal atenção ao término do encontro.
As ideias debatidas foram cinco:
-a reposição da bola em jogo com os pés caso saia pela linha lateral;
-a cobrança de uma falta de e para o mesmo jogador (o denominado auto-passe, no qual não se puniria mais o que chamamos de “bitoque");
-substituições ilimitadas;
-contagem do cronômetro apenas quando a bola estiver em jogo;
-e períodos de exclusão por amostragem de cartões.
É possível observar que algumas regras são oriundas de outras modalidades, como o futsal, por exemplo, mas também há novidades.
“Discutimos estes tópicos com diferentes grupos, que envolviam treinadores, adeptos, jogadores e atletas jovens, e acabamos sempre por chegar a estas cinco questões”, explicou Gijs de Jong, secretário-geral da KNVB.
“É por isso que queremos ver se somos capazes de testar regras diferentes”, acrescentou, aludindo a uma implementação gradual e cuidadosa.
“Podemos experimentar nas camadas jovens até o sub-19, por exemplo, ou no futebol não competitivo ou até em uma prova a eliminar no longo prazo”.
Algo relevante está justamente nas discussões incluírem não somente ex árbitros, mas também outras pessoas ligadas diretamente à prática da modalidade, como jogadores e treinadores.
O dirigente da KNVB mostra-se alerta à necessidade de adaptar o futebol às atuais exigências do mercado.
“É o nosso dever pensar em mudanças que tornem o futebol mais atrativo, sem alterar a sua essência. Não são medidas para aplicar amanhã ou em cinco anos. É algo mais a longo prazo. Não se trata de uma revolução, mas de uma evolução”.
Uma das maiores preocupações dos adeptos, a avaliar pelos resultados de diferentes estudos, é a constante quebra do ritmo do jogo.
“Em média, o tempo efetivo de jogo é geralmente de apenas 50 minutos. É por isso que também queremos testar estas medidas”, acrescenta Gijs de Jong, ciente de que há muitas outras modalidades em real crescimento e que a entrada de algumas no calendário olímpico mostra como a atenção dos jovens é hoje canalizada para outras áreas. “Queremos tornar o futebol à prova do futuro. O mundo está mudando tão depressa que não podemos ficar parados”.
Movimentações idênticas estão também para acontecer na Alemanha. A Federação Germânica (DFB) anunciou que irá testar, a partir da próxima temporada, as suspensões temporárias como sanção a aplicar em caso de um segundo cartão amarelo, ao invés da expulsão.
Na prática, o organismo está a dar uma resposta a um pedido de uma das divisões amadoras do estado de Hesse, que pretende avançar com um projeto-piloto. A experiência começará em 2020/21 no nível distrital (do oitavo escalão da hierarquia para baixo), será aplicada por um período de dois anos e, por enquanto, somente no futebol masculino.
Trata-se, no fundo, de dar forma a uma solução de outras modalidades (como o handebol ou o hóquei em patins), prevendo a saída do campo de jogo por um período determinado, de um jogador que tenha recebido o segundo cartão amarelo. Cumprido o tempo de suspensão, o jogador regressará e só em caso de voltar a ser amarelado será definitivamente expulso.
Esta experiência só pode avançar porque os regulamentos da FIFA preveem que as regras ao nível das categorias de formação e do futebol amador possam ser ajustadas em consonância com as federações nacionais.
Desta forma, mesmo que não a curto prazo, a FIFA começa a dar novos passos para grandes mudanças no futebol, onde os impactos táticos aumentem o entretenimento de uma partida.
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