CPI da manipulação de jogos ...
...vai investigar indícios apresentados pelo dono do Botafogo
John Textor forneceu um relatório de 180 páginas com gravações envolvendo jogadores e árbitros; conteúdo está sob sigilo
A CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da manipulação dos jogos de futebol vai usar informações fornecidas pelo dono da SAF (Sociedade Anônima do Futebol) do Botafogo, John Textor, para avançar nas investigações do colegiado. Segundo o presidente da comissão, o senador Jorge Kajuru (PSB-GO), Textor apresentou um relatório de 180 páginas com “indícios indiscutíveis” de manipulação em jogos, incluindo gravações e outros conteúdos envolvendo jogadores de grandes clubes brasileiros e árbitros.
A espécie de dossiê foi entregue nesta segunda-feira (22) aos senadores em uma reunião reservada após a participação de Textor em sessão da CPI. O colegiado não detalhou quais clubes estariam citados nos materiais, mas adiantou que há envolvimento de times grandes e históricos.
Os integrantes da CPI reconheceram o relatório como importante para os próximos passos da comissão, mas consideraram o conteúdo como indícios e não provas. Segundo Kajuru, há material suficiente com conteúdo para avançar nas investigações, que deve se debruçar sobre outros jogos com indícios de manipulação.
“Caberá a nós sabermos escolher os convidados para que possamos dar sequência à investigação e tendo a certeza que essa CPI buscará na Polícia Federal a companhia para tudo o que vimos e que tomamos conhecimento”, detalhou o presidente da CPI.
“Os clubes podem estar sendo vítimas da edição do VAR, o que é gravíssimo.
O que vai para a tela do árbitro em campo são fragmentos da imagem captada. O que o telespectador assiste da sua casa na TV é o mesmo fragmento que está sendo mostrado para o árbitro, que não conta a história inteira do lance. Isso foi a coisa mais grave que a gente percebeu aqui.
Que a CBF e os clubes tratem com muita seriedade porque a integridade do futebol é a coisa maior que a gente tem que proteger”, disse Portinho.
Comentários
O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), leu nesta terça-feira (9) os nomes dos integrantes da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que vai investigar manipulação em jogos de futebol. A criação da CPI havia sido anunciada em 12 de março para apurar denúncias que envolvem jogadores profissionais, dirigentes de clubes e empresas de apostas.
Os senadores definidos como titulares da CPI são:
♦ Veneziano Vital do Rêgo (MDB-PB),
♦ Marcio Bittar (União-AC),
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♦ Otto Alencar (PSD-BA),
♦ Angelo Coronel (PSD-BA),
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♦ Jorge Kajuru (PSB-GO),
♦ Chico Rodrigues (PSB-RR),
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♦ Romário (PL-RJ) e
♦ Eduardo Girão (Novo-CE).
Os suplentes são:
♦ Giordano (MDB-SP),
♦ Efraim Filho (União-PB),
♦ Sérgio Petecão (PSD-AC) e
♦ Carlos Portinho (PL-RJ).
O bloco Aliança, composto pelo PP e Republicanos, ainda não anunciou os nomes que farão parte da comissão. O pedido para a abertura da CPI partiu do senador Romário (PL-RJ). A previsão é que a comissão tenha duração de180 dias.
A Câmara dos Deputados teve uma CPI para investigar o mesmo assunto no ano passado. No entanto, a comissão terminou sem a votação do relatório final, de autoria do deputado Felipe Carreras (PSB-PE).
No documento, Carreiras reconheceu que o futebol brasileiro “está muito exposto à prática criminosa de manipulação de resultados”, mas não indicou indiciamentos. Ele alegou que o indiciamento dos investigados não foi possível porque a “CPI não vislumbrou a existência de indícios suficientes de autoria e de materialidade de ilícitos”.
A comissão também chegou ao fim sem colher depoimentos de possíveis sócios do esquema de manipulação dos resultados e que foram denunciados pelo Ministério Público de Goiás. Além disso, a CPI também não ouviu o presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Ednaldo Rodrigues.
Três jogadores brasileiros foram banidos do futebol mundial pela Fifa, entidade máxima do esporte, após investigações sobre partidas da Série B do Campeonato Brasileiro. Até agora, a Justiça goiana indiciou 14 pessoas pelas fraudes.
A Polícia Federal apura outro esquema, também de alcance nacional.
Sérgio Petecão (PSD-AC)
Fernando Collor (Pros-AL)
Wellington Fagundes (PR-MT)
Confúcio Moura (MDB-RO)
Dario Berger (MDB-SC)2.
Além disso, pelo menos 19 dos 81 senadores são réus ou alvos de algum tipo de investigação em andamento no país, respondendo a 38 inquéritos ou ações penais3. Vale lembrar que o Senado também tem a prerrogativa de julgar processos contra presidentes da República ou ministros de Estado4.
O cenário é complexo e requer atenção, considerando a importância desses cargos na representação política do país.
Já entre os partidos, os que mais têm senadores alvos de investigação são o MDB, com seis parlamentares, e o PSD, com três.
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Antes da publicação, a reportagem procurou todos os senadores citados, seja por telefone ou por e-mail de seus gabinetes. No total, apenas dois responderam. As respostas dos que retornaram os questionamentos estão na relação abaixo. O espaço segue aberto para que os demais se posicionem.
Vale lembrar que qualquer pessoa está sujeita a processo. Responder a inquéritos ou ação penal não significa que o parlamentar é culpado. Mesmo quando há condenação, os réus ainda podem recorrer. De acordo com a Constituição Federal, só se pode considerar alguém culpado após o trânsito em julgado, ou seja, quando não couber mais recursos.
Muitos recursos, no entanto, são apenas protelatórios ou buscam reduzir a pena para livrar o condenado da cadeia e substituir sua punição pela prestação de serviços. O Congresso em Foco foi o primeiro veículo de comunicação do país a levantar as acusações criminais contra congressistas, ainda em 2004. De lá para cá, o site publicou esse tipo de levantamento dezenas de vezes.
Veja a relação dos senadores sob investigação e o que eles dizem:
José Serra está licenciado para tratamento de saúde. Ciro Nogueira é ministro da Casa Civil.