10 NOVAS REGRAS PARA O FUTEBOL (por Adriano Ávila)
Uma partida sem bandeirinhas. Disputa por pênaltis antes da prorrogação. Jogo mais justo e emocionante!
Conheça as 10 "novas" regras para o futebol.
O texto com as propostas a seguir foi publicado originalmente em 2016. De lá para cá tivemos um grande avanço no entendimento do jogo, como a utilização do VAR, ainda confusa em suas aplicações abaixo do equador, mas de fundamental importância para o espetáculo e para os negócios em torno. Segue o jogo.
Você já ouviu as frases: “Meu time foi prejudicado pelo regulamento!”, “Completamente impedido, juiz!”, “Antijogo, assim não dá!” ou “Pênalti é loteria”. Bom, tudo nesse mundo encontra-se em constante evolução. E as regras do futebol?
O jogo ficou mais rápido. Muito mais rápido. O espetáculo virou negócio, os estádios tornaram-se arenas, a bola mudou, as chuteiras ficaram coloridas, telões e tira-teimas para todo lado, transmissões em HD, FullHD, Blu-Ray, 3D, 4K, 5XYZ. O torcedor virou sócio-torcedor, a cerveja voltou e a violência, essa continua presente, bem que poderia acompanhar todas as mudanças citadas aqui.
O Relatório Taylor, que entre outras coisas originou a Premier League na Inglaterra em 1992, deu uma ótima dica em relação a esse tema e continua valendo para os dias de hoje: 90% da violência no futebol acontece fora dos estádios até 30 km de distância. No Brasil é a mesma coisa.
Mas isso é pauta para outro artigo.
Voltando às regras do Futebol, essas continuam enraizadas na primeira metade do Século XX. Não acompanharam o ritmo e a evolução do jogo. Um erro da arbitragem é muito mais impactante hoje do que antigamente.
Não em relação à paixão do torcedor, mas em relação aos investimentos por parte de todos: marcas, clubes, patrocinadores, federações, e claro, do próprio torcedor, que paga cada vez mais caro para vivenciar o espetáculo.
Percebendo tudo isso e dedicando algumas décadas de estudos e projetos realizados em relação à história e ao mercado do futebol, o Futbox compartilha a seguir, algumas propostas para o jogo. Sem a pretensão ou a ingenuidade de ser a solução final, mas com o intuito de provocar a discussão sobre as regras do futebol e colaborar sempre para a evolução do espetáculo, onde o torcedor é o ativo principal no ecossistema do futebol. Importante lembrarmos: todo jogador foi antes torcedor.
Portanto, vamos às propostas para as 10 novas regras do futebol, começando pela mais importante:
1) Empates em 0x0: zero ponto para ambos os times
Um ponto seria creditado apenas para empates com gols. Se uma partida terminasse 0x0, os dois times não pontuariam na rodada, por exemplo, num campeonato de pontos corridos. Elevaria o nivel tático do jogo. Consequentemente, o nível técnico dos nossos treinadores, ponto central das discussões no início de 2021, cinco anos após a publicação desse artigo no Blog;
2) Limite de 5 substituições incluíndo o goleiro
Como já foi dito o jogo está muito mais rápido e com isso o desgaste dos atletas é muito maior. Quanto mais cansado menos técnica um jogador vai apresentar em campo, além do fato das lesões, pois o jogo está mais intenso do que nunca (*Atualização: as 5 substituições foram empregadas a partir de 2020 devido à pandemia);
3) Limite de 5 faltas por jogador em uma única partida
O jogador que cometesse cinco faltas na mesma partida seria excluído do jogo em questão (mesmo procedimento do basquete), mas estaria habilitado para disputar a próxima partida, ao não ser que nessa quinta falta ele levasse um cartão vermelho ou o segundo amarelo;
4) Impedimento somente antes do meio de campo
O impedimento seria marcado somente a partir da bola lançada no campo de defesa do time que a detém. Após transpor a linha do meio de campo, o impedimento ficaria anulado automaticamente.
A origem dessa regra está ligada à implementação das táticas do jogo no final do século XIX, quando o futebol se desassociou do Rugby. Para quem não sabe foi uma discordância nas regras entre os códigos Cambridge, Sheffield e Rugby em 1863 que levaram alguns clubes a fundar o que seria a FA (The Football Association), reguladora das regras do futebol até hoje.
Essa regra, inclusive, mereceu um estudo à parte. Você pode conferir aqui: “As novas demarcações do campo de futebol“.
5) Duração da partida: 70 minutos com cronômetro
A duração de cada tempo seria de 35 minutos com o cronômetro parando sempre que a bola saísse ou quando fosse marcada uma falta. E claro, o intervalo de 15 minutos entre os dois tempos permaneceria. Isso resolveria a “catimba” e o antijogo. Futebol é para jogar e teríamos 70 minutos de bola rolando! Para se ter uma ideia o tempo médio de bola rolando hoje no Brasileirão é de 52,5 minutos (media 2014 a 2018). Ou seja, quase 38 minutos de bola parada;
6) Jogos eliminatórios: disputa por pênaltis antes da prorrogação
Caso uma partida terminasse empatada no tempo regulamentar (2 tempos de 35 minutos cronometrados), seria aplicado a disputa por pênaltis para definir qual time jogaria pelo empate na prorrogação. Com isso a essência do jogo seria preservada: futebol é coletivo e disputado em um tempo predeterminado, além de ser mais uma possibilidade de vitória para o time que “buscou” mais o jogo;
7) Gol (des)qualificado, marcado “fora” (casa do adversário)
Aqui seriam duas possibilidades para melhorar essa questão, lembrando que a partir de 2018 esse critério foi abolido em algumas competições ou suspenso em fases avançadas de outras.
Primeira possibilidade: eliminaria a vantagem do time que marcasse gols no campo do adversário, caso o confronto terminasse empatado no saldo de gols (jogos de ida e volta). Partidas com a mesma diferença de gols (10×3 e 7×0), por exemplo, onde o resultado final do confronto seria 10×10, seria aplicada essa sugestão para os jogos eliminatórios.
O que vem acontecendo há algum tempo é o time jogar num esquema exageradamente defensivo em seu estádio, ou seja, diante da sua própria torcida. O que é geralmente frustrante para quem gosta de comemorar gols. Lembrando: o objetivo do jogo é marcar gols e não evitá-los;
Segunda possibilidade: prefiro a possibilidade acima, mas poderíamos aplicar esta também: o número de gols marcados pelo mandante valeria como desempate. Exatamente o contrário do que existe hoje. O time que marcasse mais gols diante da sua torcida avançaria na competição caso o resultado final do confronto terminasse empatado no saldo de gols. Exemplo: 10×3 e 7×0 = 10×10. Classificaria o time mandante que marcou 10 gols diante da sua torcida.
Na verdade esse gol (des)qualificado, como existe em alguns casos hoje, nada mais é do que uma solução equivocada para minimizar o excesso de jogos numa temporada com um calendário tão conturbado. Veja as propostas para o novo calendário do futebol brasileiro.
8) Sequência de cartões amarelos
Sequência de 3 cartões amarelos para um mesmo jogador, em partidas distintas, eliminaria esse jogador do próximo jogo, como acontece hoje. Agora, uma nova sequência de 3 cartões amarelos para o mesmo jogador o suspenderia por dois jogos automaticamente, e assim por diante: novas sequências de cartões amarelos, suspensões de 3, 4, 5… partidas. O objetivo é aumentar o nível técnico de jogadores e treinadores. Sempre. Aprimorar o jeito de jogar bola e de enxergar o jogo. A falta é um recurso, não uma estratégia;
9) Cartões vermelhos
Suspenderia o jogador infrator por 2 jogos sequenciais automaticamente. A suspensão estaria sujeita ainda à análise por parte da entidade organizadora do campeonato após a partida. Poderiam ser acrescidos mais jogos de suspensão ou até mesmo a exclusão do jogador expulso da competição após essa análise;
10) Bandeirinhas retirados das laterais do campo
Será que essa sugestão que publicamos em 2016 foi um dos embriões para a criação do VAR? Para saber mais sobre o “Video Assistant Referee” veja como surgiu essa tecnologia aqui.
Os bandeirinhas ficariam em cabines para o acompanhamento dos lances através de aparelhos de TV e/ou telas de computador, iPad, etc, e com comunicação direta com o árbitro. Esse continuaria presente em campo como autoridade máxima para aplicação das regras do jogo.
“Ah! Mais isso não tem jeito de aplicar em todos os campos de futebol do mundo!”
Então vamos aplicar onde tem jeito. Série A, por exemplo. Copas do Mundo, UEFA Champions League, Libertadores.
A retirada dos bandeirinhas das laterais do campo aumentaria consideravelmente a eficiência da arbitragem. Caso alguma irregularidade acontecesse na partida, como um impedimento (regra atual), mão na bola ou uma falta “cavada”, os bandeirinhas comunicariam essa eventual irregularidade ao árbitro que poderia invalidar o lance em questão, mesmo após a sua conclusão. Igual ao Rugby ou Futebol Americano, onde inclusive, os árbitros possuem microfones para que todos que estão assistindo à partida, no estádio ou pela TV, computador, etc, saibam o que ele marcou. Precisamos diminuir os erros no jogo de futebol. Já passou da hora.
Com recursos financeiros bem aplicados e com a qualificação profissional dos gestores do futebol será possível aumentar os ativos que são comercializados atualmente no Brasil. Ao invés de vender o artista será possível vender o espetáculo, como fazem ingleses e alemães. E em breve, americanos e chineses. Quanto maior a satisfação do torcedor, maiores as possibilidades de novos negócios envolvendo o futebol.
Foram essas as sugestões do Futbox em relação à evolução da regras do futebol. Nos fale também as suas. O que vale aqui é a discussão para melhorar o jogo mais amado do planeta. É muito erro e despreparo envolvendo muita paixão e muito investimento, principalmente na América do Sul, berço do, outrora, melhor futebol do mundo.
Fontes:
• FUTBOX – Centro de Pesquisa Gráfica Sobre Futebo
Comentários