A neurociência e o futebol

 

A neurociência e o futebol

O futebol é marcado pela razão que ordena o que se espera dele e pelas emoções nascidas das surpresas que nos entusiasmam ou decepcionam. 

Perder ou ganhar, enfim, é o mundo imprevisível deste jogo que se parece com uma ‘matrix’ esportiva, pois algo que está a ser descoberto organiza o que ainda não se entende dele.

Como funcionam internamente atletas, treinadores, dirigentes, árbitros e tantos profissionais de distintas áreas, além da torcida, diante do mundo imprevisível e aleatório do futebol e seu campo de jogo?

A Neurociência investiga o sistema nervoso central em relação a diversos aspectos comportamentais e fisiológicos de seres humanos, e dá suporte a várias disciplinas esportivas como Psicologia, Medicina, Fisioterapia, e também à Metodologia do Treinamento.  

Como um ramo da Biologia, a Neurociência vem buscando estabelecer a relação entre o cérebro, mente e o comportamento humano através de diferentes conceitos e princípios, e quando aplicada à prática esportiva, otimiza o desenvolvimento de procedimentos pedagógicos na construção de exercícios, dinâmicas e tarefas para o ensino e aprendizagem, além do treinamento no futebol, aumentando o potencial de desempenho de atletas futebolistas no processo de treinamento, execução de exercícios e participação em jogos.

Um dos fundamentos centrais é que cada pessoa tem sua maneira própria – subjetiva – de interpretar circunstâncias e organizar o funcionamento de seu sistema único e indissociável formado por mente e corpo. 

Se pensarmos assim no futebol, como seria a melhor maneira de olhar para jogadores e jogadoras em ação a partir de sua percepção única de compreender o jogo?

Muitos conceitos da Neurociência estão contribuindo para que as práticas de treinamento sejam arquitetadas com a finalidade de estimular individualmente potenciais até então tomados de forma generalista. 

A crença de que há um modo único de aprendizagem e que todos organizam as percepções da mesma maneira gera ainda treinamentos padronizados para grupos e não personalizados para as diferentes estratégias de soluções de problemas que cada atleta desenvolve ao longo de seu aprendizado e treinamento no futebol. 

A Neurociência contém o potencial para provocar uma produtiva mudança neste entendimento.

As ações dos neurocientistas, que incluem pesquisas mediante demandas e divulgação destes conhecimentos, resultam em afirmar que o desenvolvimento das pessoas se deve, em grande parte, à flexibilidade do sistema nervoso, que representa a capacidade de adaptação em suas experiências de vida.

Aqui olhamos para atletas na experiência de treinar e jogar futebol, que ao longo do tempo criam modelos mentais de compreensão do jogo, resumindo, generalizando e ampliando experiências que tornam possíveis sua expressão comportamental de executar as ações próprias do futebol, aliada ao rendimento em um jogo, especialmente as experiências criadas para o ambiente do treino e pela oposição das equipes adversárias.

A Neurociência contribui com o conhecimento avançado do funcionamento do sistema nervoso, e mais particularmente o cérebro, para que o treinador possa organizar e otimizar seus treinos mais assertivamente a partir das situações desafiadoras de jogo.

As ações de um jogo são constituídas por situações problema que equipes e atletas devem solucionar constantemente, tornando essa compreensão fundamental para o desempenho no jogo de futebol. 

É consenso que os atletas treinados em um ambiente construído para estimular a inteligência voltada para solucionar problemas ou criar novas possibilidades de ação terão mais opções à sua disposição para se adaptarem e responderem a situações esperadas ou surpreendentes do jogo. Nesta compreensão, o treino deve conter exigências do jogo.

A Neurociência, através de seus conhecimentos aplicados, poderá facilitar a atuação de profissionais do futebol para que compreendam com mais clareza o funcionamento do cérebro e suas ações, promovendo a melhoria no desempenho de jogadores e jogadoras. 


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