O PROBLEMA DA VIOLÊNCIA NO FUTEBOL ...


As regras do esporte são um conjunto de normas e diretrizes estabelecidas para orientar o jogo, definir limites e determinar o comportamento dos jogadores. 
Elas são criadas para promover a justiça, assegurar que todas as equipes e indivíduos tenham as mesmas oportunidades e criar um ambiente competitivo equilibrado.

Não existe esporte sem regras. 

Entendê-las é fundamental para quem vive da prática esportiva, como também para quem comenta ou se encanta com ela.

Não se pode tratar como torcedor quem decide agir como criminoso. 

Nem na vida, nem no futebol. 

O absurdo se repete. A cada rodada. O imaginário coletivo formou a mesma leitura: o futebol é um universo paralelo.... 

Não. Não é, nem pode ser. 

E a questão não está nas leis. 

Elas existem. 

Atirar pedra contra um ônibus de um time de futebol é o mesmo que atirar contra um ônibus de linha convencional. 

A pessoa vai responder pelo crime. 

Ameaçar, machucar, matar alguém, é crime. 

E se for briga entre "torcedores uniformizados" ou não, isso não pode, nem deve, mudar nada. 

Além das leis na esfera cível e criminal, leis do esporte, como o Estatuto do Torcedor, também são rigorosas com relação a esse tipo de criminosos. 

Mas o que acontece, então? 

Duas coisas: impunidade e acefalia coletiva. 

Em grupo, pessoas fazem o que não fariam sozinhas. 

A multidão cega e torna todos em um, menos humano e mais violento.

Para complicar, a sensação de impunidade alimenta esse tipo de comportamento. 

Não se pune, se repete. 

É buscando essa reflexão, em cima desse tipo de comportamento absurdo, que Gustavo de Souza, advogado especializado em direito esportivo e colunista do Lei em Campo, escreve. 

E ele traz um bom experimento feito nos EUA que ajuda a entender o que acontece no Brasil.   

Os constantes incidentes indicam uma crescente violência nos estádios de futebol, já que seguimos vendo, a cada semana, em algum lugar do mundo, especialmente na América do Sul, cenas dantescas de alguma tragédia que poderia ter sido evitada. 

Esses incidentes levam à reflexão de que as causas da violência nos estádios de futebol não têm sido atacadas em sua raiz. 

É fato que cada vez há mais prevenção e se evitam atos de vandalismos dos torcedores mediante medidas preventivas, dispositivos de segurança e leis. Entretanto, há muito que se fazer. 

Ao redor do globo, especialmente na Europa e nos Estados Unidos, há experiências de êxito no combate à violência.

A relação entre violência e esporte é bastante complexa, com maior visibilidade no futebol devido à sua dimensão e importância como um dos principias fenômenos socioculturais do século XX. 

Em razão dessa complexidade, não há um consenso quanto às causas e soluções para a violência nos estádios de futebol. 

Ao analisar casos de sucesso no combate à violência, destaca-se a aplicação da Teoria das Janelas Quebradas, tendo-se como referência verdadeira revolução na cidade de Nova York, que em três anos reduziu à metade o número de delitos. 

Dois criminologistas da Universidade de Harvard, James Wilson e George Kelling, publicaram a Teoria das "Janelas Quebradas" na revista The Atlantic, em março de 1982. 

A teoria baseia-se em experimento realizado por Philip Zimbardo, psicólogo da Universidade de Stanford, com um automóvel deixado em um bairro de classe alta de Palo Alto (Califórnia). 

Durante a primeira semana de teste, o carro não foi danificado. 

Porém, após o pesquisador quebrar uma das janelas, o carro foi completamente destroçado e roubado por grupos vândalos, em poucas horas. 

De acordo com os autores, caso se quebre uma janela de um edifício e não haja imediato conserto, logo todas as outras serão quebradas. 

Algo semelhante ocorre com a delinquência. 

Nesse contexto, naturalmente com adaptações, a Teoria das Janelas Quebradas pode ser bastante útil e efetiva na redução dos índices de criminalidade e violência nos estádios de futebol. 

Por Gustavo Souza.

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