Como devem os árbitros lidar com o racismo?

 


Como devem os árbitros lidar com o racismo?

Em 2009 e no decurso de uma reunião do seu Comité Executivo (na Lituânia), a UEFA aprovou um conjunto de diretrizes no sentido de ajudar os árbitros a lidarem com quaisquer tipos de incidentes ligados ao racismo no interior dos estádios.

Como devem os árbitros lidar com o racismo?
0 seconds of 1 minute, 43 secondNa altura, não era expetável que um alegado ato ou expressão racista pudesse partir de um elemento da própria equipe de arbitragem, algo que pela sua raridade e surpresa, se assemelha hoje ao fenómeno do "homem que morde o cão".

Sem prejuízo do processo de averiguações que foi instaurado no caso em apreço - relativo ao jogo em Paris (e que se espera seja concluído com eficácia e celeridade) -, daquela reunião saiu, em jeito de conclusão, aquilo a que o organismo europeu designou de "Protocolo dos Três Passos". 

Uma espécie de roteiro de boas práticas que os árbitros europeus deviam passar a seguir quando nos seus jogos acontecessem situações dessa natureza.

Esse procedimento passou a conceder aos árbitros poderes para interromperem o jogo num primeiro momento e, se o comportamento racista continuasse apesar dos sucessivos apelos em sentido contrário, dá-lo por terminado em definitivo.

Tal como acontece na vida e nas restantes atividades desportivas, o fenómeno do racismo não é recente no futebol e não faltam infelizmente - aos milhares - exemplos de situações que nunca podiam nem deviam acontecer num espectáculo desta dimensão.

Um espetáculo visto, absorvido e tido como exemplo maior para milhares de meninos e meninas nos quatro cantos do globo.

É importante que todos os agentes desportivos e restantes figuras direta ou indiretamente ligadas à indústria (imprensa, comentaristas desportivos, etc) estejam sempre unidos, a uma só voz, na luta feroz contra qualquer tipo de diferenciação, seja pela cor, género, religião ou orientação sexual.

No jogo como na vida não existem padrões, caraterísticas ou diferença entre pessoas. Existem... pessoas. 

Pessoas que nascem, crescem e morrem com os mesmos direitos e deveres, da mesma forma, de igual modo.

Convém também referir que a enorme sensibilidade que este tipo de assuntos gera nos dias de hoje não deve originar assassinatos de caráter ou julgamentos sumários em praça pública, sem que existam evidências do que aconteceu.

O "tribunal da opinião pública" é célere a condenar mas não está habilitado para sentenciar o que quer que seja, uma vez que deturpa fatos e manipula informação com frequência.

Temas estruturais como este tendem a gerar, a espaços, alguma "esquizofrenia social", que não raras vezes afeta a nossa capacidade em analisarmos factos da forma mais correta. 

Com justiça. 

Com verdade.

É fundamental que em matérias tão cruciais isso não aconteça, tal como é fundamental que todos condenemos e denunciemos práticas comprovadas que atentem a um dos mais básicos direitos humanos: o da igualdade.

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