quinta-feira, 16 de junho de 2022

Ano a ano, as principais mudanças feitas nas regras do futebol

 

Há 150 anos, o futebol não tinha impedimento, travessão, goleiro e o toque com a mão era praticamente livre entre os jogadores. 


O futebol praticado em 2013 é bem diferente daquele regulamentado há 150 anos. 

Para se ter uma ideia, os toques com a mão eram permitidos – e por qualquer jogador em campo. 

Os goleiros não existiam. 

Nem o passe para frente. Os gols sequer eram delimitados em sua altura. 

E as Regras do Jogo não eram 17, como hoje, mas apenas 13 – o impedimento, o árbitro, o tempo e o pênalti foram introduzidos somente nos anos seguintes. 

Nas próximas linhas, confira como foi a evolução das regras do futebol a partir da criação da Football Association, em 1863:

1865 As traves passam a ter uma fita entre elas, para delimitar a altura do gol. O protótipo do travessão, instituído apenas dez anos depois.

1866 Os passes para frente foram legalizados, desde que três adversários estivessem entre o recebedor e o gol. Aí nasceu a regra do impedimento. Além disso, pegar a bola com as mãos no ar passou a ser proibido, tornando cabeçadas e matadas no peito comuns.

1869  Nasce o tiro de meta. Antes, a bola que saísse pela linha de fundo era do time que a pegasse primeiro, ganhando uma cobrança de falta.

1871 Apenas um jogador passa a poder pegar a bola com as mãos. Nasce o goleiro.

1872 Os goleiros só podem pegar a bola com as mãos no próprio campo. Os escanteios são introduzidos.

1874 Os árbitros passam a existir, um para cada lado do campo. Antes, as discussões sobre as jogadas eram feitas pelos capitães. No mesmo ano, os times passam a trocar de campo depois do intervalo, o que acontecia a cada gol.

1877  O tempo de jogo é fixado em 90 minutos.

1891  Os pênaltis são introduzidos. Podem ser cobrados de qualquer posição a 12 jardas do gol. A criação se deu depois que um jogador espalmou uma bola no último minuto de um jogo da Copa da Inglaterra. Também naquele ano, um novo árbitro passou a entrar em campo e os dois que já existiam passaram a atuar como assistentes. E os gols ganharam redes.

1892  Foram criados os acréscimos, depois que um goleiro chutou a bola para fora do campo, a fim de evitar a cobrança do pênalti. Quando a bola foi devolvida, o tempo já tinha acabado.

1895 Os laterais passam a ser dos oponentes do time que tocou a bola por último. Antes, eram de quem pegasse a bola primeiro.

1902 As áreas foram criadas

1904 A lei da vantagem passa a ser aplicada pelos árbitros.

1907 Um jogador não pode estar impedido em seu próprio campo.

1912 Os goleiros têm suas ações com a mão delimitadas à própria área. Além disso, eles precisam vestir uniformes diferentes aos dos companheiros.

1924 Os gols de escanteio são permitidos. A Argentina anota o primeiro, contra o Uruguai, o então campeão olímpico. Assim foi batizado o ‘gol olímpico’.

1925 A lei do impedimento passa a ser considerada a partir de dois jogadores entre o receptor do passe e o gol, não mais três.

1939 Os números na camisa se tornam obrigatórios.

1958 Uma substituição é permitida, mas só em caso de lesão. Doze anos depois, duas substituições passam a valer, mesmo que por razões táticas.

1970 Os pênaltis passam a decidir jogos empatados. O sistema de cartões são criados, baseados nos semáforos de trânsito.

1992  Os goleiros são proibidos de agarrar bolas recuadas por seus companheiros com os pés.

1993  É criada a área técnica à beira do campo.

1995  Três substituições são permitidas.

2012 A tecnologia na linha do gol é utilizada em competições oficiais da Fifa.



Em 2016, oito membros do International Football Association Board (IFAB), órgão da Fifa que regulamenta as regras do esporte, riscaram um total de aproximadamente 10 mil palavras do regulamento anterior. 

Muitas vezes se tratavam de minúcias. Em alguns aspectos, porém, as novas regras significam alterações significativas. 

Estas são as dez mudanças mais importantes.

1. Pênalti

Quem der a chamada "paradinha" ­– como gosta de fazer o craque do Barcelona Lionel Messi – para fazer o goleiro saltar prematuramente para um canto do gol será punido com um cartão amarelo. O mesmo vale se um jogador não identificado cobrar o pênalti. Nos dois casos, a equipe adversária ganha uma cobrança de falta (tiro livre indireto). O goleiro também poderá receber cartão amarelo caso se adiante antes da cobrança. Nesse caso a cobrança é repetido se a anterior não tiver resultado em gol.

2. Punição tripla

Até agora, falta e mão na bola dentro da grande área eram ações punidas com cartão vermelho, cobrança de pênalti e suspensão para o jogador que cometeu a infração. Agora, o árbitro terá mais liberdade para decidir se dará cartão vermelho ou não. Caso o defensor tenha visado a bola ao derrubar o adversário, por exemplo, poderá receber apenas cartão amarelo.

3. Expulsão

Cartões vermelhos poderão ser aplicados não somente durante o jogo, mas até mesmo antes do apito inicial caso jogadores tenham comportamento antiesportivo. Apesar do cartão vermelho, o time pode mandar 11 jogadores a campo.

4. Pausa em contusão

Atletas poderão ser atendidos dentro de campo se a equipe médica conseguir fazê-lo em até 20 segundos. Até agora, independentemente da duração do atendimento, o jogador tinha que sair de campo e aguardar autorização do árbitro para voltar ao jogo.

5. Pontapé inicial

Até agora, o primeiro toque de bola da partida tinha que ser para a frente. Pelas novas regras, ele pode ser para trás, para o lado ou até para o goleiro.

6. Barreira de atacantes

Muitas equipes gostam de colocar, durante uma cobrança de falta, uma linha de jogadores logo atrás da barreira defensiva para atrapalhar a visão do goleiro. Isso agora não é mais permitido.

7. Pausa para beber

Em condições climáticas muito quentes, o árbitro pode estipular uma pausa para que os jogadores bebam água. No entanto, esse tempo deverá ser compensado posteriormente até o último segundo.

Cartão vermelho
Cartão vermelho poderá ser aplicado mesmo antes do início da partidaFoto: picture alliance/DeFodi











8. Cobrança de lateral

Ao cobrar a lateral, o jogador deve arremessar a bola com as duas mãos. Um lançamento com uma mão, em que a outra apenas apoia a bola, não é mais permitido.

9. Jogar sem chuteiras

Se um jogador perde uma chuteira durante o jogo, a partida não será mais imediatamente interrompida. O atleta pode continuar a jogar descalço até a próxima interrupção. O mesmo se aplica a quem perde a caneleira.

10. Cueca

Roupa íntima que possa ser vista deverá ter a mesma cor que o calção do uniforme.


As mudanças mais recentes foram as que determinaram o uso da tecnologia durante as partidas. Algumas dessas adaptações foram cruciais para a evolução do esporte.

Veja cinco regras que mudaram a história do jogo:

Surgimento do goleiro

É difícil de imaginar, mas o futebol existiu por quase uma década sem que houvesse goleiros em campo. A posição só foi criada em 1871, quando ficou definido que apenas um jogador de cada time poderia pegar a bola com as mãos – até então era permitido a qualquer jogador. A área que delimita onde o goleiro pode jogar com as mãos surgiu somente em 1902.

Passes para frente e impedimento

Passar a bola para frente só passou valer em 1866. Com isso, também surgiu a regra do impedimento, que definiu que o jogador só poderia receber a bola se houvesse ao menos três adversários a sua frente em relação ao gol, caso contrário a posição seria irregular – impedimento. A partir de 1925, a regra foi alterada e passou a ser necessário apenas dois jogadores entre o receptor e a linha de fundo para que o lance fosse válido.

Número de substituições

Até 1958, os técnicos não podiam trocar jogadores no decorrer da partida. Os times eram obrigados a disputarem a partida inteira com a formação inicial. Foi só nesse ano que uma substituição passou a ser permitida, mas ainda assim somente em caso de lesão. A partir de 1970, a regra foi alterada e passaram a valer duas substituições – mesmo que por opção tática. As regra das três substituições – como conhecemos hoje – só passou a vigorar em 1995.

Cartões

Os árbitros não contavam com cartões para punir os jogadores durante as partidas até a Copa do Mundo de 1970, no México. As advertências eram feitas sempre de forma verbal. O sistema foi idealizado depois de uma confusão na Copa de 1966, no jogo entre Argentina e Inglaterra, quando um jogador expulso negou-se a deixar o campo alegando que não conseguia entender o árbitro. Depois disso, ficou definido que duas cores de cartão: amarelo para punir infrações mais leves e o vermelho para expulsão imediata.

TLG e VAR

O TLG – tecnologia na linha do gol – passou a ser utilizada em competições oficiais da Fifa em 2012. O sistema utiliza a transmissão de dados captados por câmeras para emitir um sinal caso a bola ultrapasse a linha do gol. O recurso foi utilizado na Copa do Mundo de 2014, no Brasil.

Além do TLG, o VAR – árbitro de vídeo – se tornou o mais novo recurso tecnológico no futebol. 

A International Football Association Board (IFAB), entidade responsável pelas regras do jogo, aprovou o uso do sistema na modalidade, que marcou presença no Mundial da Rússia.

Ja imaginou uma partida de futebol com dois tempos de 30 minutos ou com substituições ilimitadas? Essas mudanças estão sendo testadas no Future of Football Cup, competição sub-19 disputada na Holanda. Apesar de não apoiar oficialmente o torneio, a Fifa está de olho no impacto dessas mudanças nas partidas, na aposta de alterar as regras e revolucionar o esporte. 


Ao todo são quatro mudanças, que podem ser implementadas nos principais campeonatos mundiais, inclusive no Brasil.

  • Dois tempos de 30 minutos no lugar dos dois tempos de 45 minutos. Nesta nova regra, porém, o relógio é parado sempre que o jogo é paralisado, como falta, lateral, tiro de meta ou escanteio;
  • Lateral cobrado com os pés e para si mesmo. O jogador não precisa passar para um companheiro nessas bolas paradas. É só parar a bola no local da infração ou no escanteio e sair jogando sozinho;
  • Cartões amarelos têm uma punição extra. O jogador que receber o amarelo terá que ficar 5 minutos fora, deixando o time com um atleta a menos nesse período. Ele pode retornar normalmente depois desse tempo;
  • Substituições ilimitadas. Um jogador que for substituído pode retornar depois, assim como acontece no basquete, por exemplo. E o técnico pode alterar os jogadores quantas vezes quiser.

Por conta da pandemia, a regra de substituições foi alterada provisoriamente. Hoje, os times podem realizar até cinco alterações durante a partida, anteriormente eram somente três.

As mudanças têm como objetivo aumentar a intensidade das partidas com mais tempo de bola rolando e menos paralisações. 

Na transmissão da partida entre PSV e Club Brugge, disputada na quinta-feira, 15, é possível observar em poucos minutos as novidades.


201/2022 FIFA altera regra de mão na bola 




As mudanças para as Regras do Futebol que ficaram para a discussão em 2023.


As mudanças para as Regras do Futebol que ficaram para a discussão em 2023.

Na última segunda-feira, em Doha (Catar), aconteceu a 136º reunião da IFAB, a “dona das Regras do Futebol”. Nela, a FIFA (que tem grande peso nas discussões) e os demais países membros da Internacional Board apresentaram as modificações das Regras para 2022/2023, válidas a partir do próximo dia 1º de julho. 

Vide aqui: https://pergunteaoarbitro.wordpress.com/2022/06/13/as-mudancas-para-as-regras-do-futebol-2022-2023/.

Pois bem: uma das pendências para a 137º reunião em 2023, que discutirá as mudanças das regras do futebol para 2023/2024, é bem polêmica: o aumento do tempo de bola rolando! E no centro dela, estão Arsène Wenger, ex-treinador do Arsenal-ING e Gianni Infantino, o presidente da FIFA.

Wenger se tornou homem forte na FIFA. É um consultor remunerado que goza de muito respeito com Infantino, e sua função é discutir mudanças no jogo de futebol, a fim de que o torne mais atrativo para os jovens (que é a grande preocupação da entidade hoje: os consumidores-torcedores do futuro).

E o que ele propôs anteriormente, nas outras reuniões?

Algumas ideias discutíveis:

A – Bater pênaltis antes dos jogos eliminatórios (ideia de Alex Fergunson à UEFA, que não vingou, e que Wenger ventilou na FIFA, e que não evoluiu – relembre aqui: https://wp.me/p4RTuC-gU6),

B – Chip na camisa para facilitar a marcação de impedimentos (e que traria uma dor de cabeça enorme, já que se deveria mudar a regra por conta da análise das partes jogáveis – clique aqui para entender: https://wp.me/p4RTuC-yix) e

C- Mudança da linha de impedimento para “todos os membros do corpo à frente”, independente de ser uma parte jogável ou não, a fim de aumentar o número de gols (relembre aqui: https://wp.me/p4RTuC-oSw).

Apesar das ideias abortadas, uma outra vingou:

D – A de sensores inteligentes para ajudar o VAR a traçar o impedimento de maneira automática usando a Inteligência Artificial, já experimentado na Copa Árabe (e que talvez seja usada na Copa do Catar – estando para ser confirmada ou não nas próximas semanas).

Também em polêmicas ele se envolveu: já declarou que a Seleção Espanhola de 2010 foi a melhor de todos os tempos, suplantando a Brasileira de 70 (aqui: https://wp.me/p4RTuC-58t) e, a mais recente, dizendo que “o francês Kylian Mbappé, do Paris Saint-Germain, ‘não teria se tornado o atacante que é hoje se tivesse nascido em Camarões’.” 

Referência  aqui: 

https://www.terra.com.br/esportes/futebol/internacional/equipes/paris-saint-germain/conmebol-aponta-discriminacao-de-arsene-wenger-e-critica-fifa-e-international-board,3a291a7039a006510856964963bd5b1600no9l0w.html).

Tudo isso para dizer o seguinte: Gianni Infantino se socorreu a Arsène Wenger para ajudar a por em prática sua ideia (que é pública, dita por diversas vezes): a de um jogo de futebol contar com 2 tempos de 50 minutos, permitindo maior tempo de bola rolando (depois da insistência em desejar realizar as Copas do Mundo de 2 em 2 anos, parece que o jogo de 100 minutos é a nova paixão do presidente da FIFA). A proposta seria já para o Mundial de 2022, quando em Fevereiro foi levantada a ideia. Como não seria possível devido a necessidade de se reunir com a IFAB, a FIFA orientou que as Comissões de Arbitragens de cada país agilizassem mais o jogo. Desse pedido, nasceu a orientação de menores e mais rápidas intervenções do VAR, além de deixar o jogo fluir nas supostas tentativas de cavar falta, não marcando infrações duvidosas ou possivelmente forçadas, melhorando a dinâmica das partidas – tudo para aumentar o tempo de bola rolando.

Para que isso (o jogo de 100 minutos) ocorra ou não no futuro, algumas ideias já foram levantas para 2023/2024 com o propósito de aumentar o “jogo jogado”:

  1. Wenger quer acabar com as cobranças de arremesso lateral com as mãos. Segundo ele, é muito demorado o processo do jogador pegar a bola, posicionar-se, ajeitá-la com a mão, ver o jogo e arremessá-la. A sugestão é: o jogador coloca a bola na linha lateral, e a chuta num tempo máximo de até 5 segundos, evitando uma reversão pela demora ou um possível cartão amarelo (lembram quando se instituiu 6 segundos para um goleiro repor a bola quando a agarra, depois do domínio e equilíbrio)?
  2. Parar o cronômetro quando o VAR for acionado, evitando perder tempo nas consultas (Wilson Seneme, quando esteve na Conmebol, fez exatamente a mesma proposta).
  3. Paralisação do cronômetro em determinadas pausas do jogo, como nas cobranças de faltas. o México já estuda fazer isso, sendo que o quarto-árbitro controlaria o relógio (vide aqui: https://wp.me/p4RTuC-DDI).
  4. Câmeras nos uniformes dos árbitros: a justificativa é que se paralisa muito o jogo tentando explicar as marcações aos jogadores, e as reclamações roubam o tempo da partida. Aí a ideia é atacar dois problemas com uma iniciativa a ser testadagravar os diálogos, pois isso intimidaria o jogador para que diminuísse o tempo de discussão, e evitaria agressões verbais e físicas.

A respeito dessa última ideia, Gianni Infantinno disse (retirado de seu perfil no LinkedIn):

Há 136 anos, a IFAB tem procurado como proteger o jogo e torná-lo melhor, e parte disso envolve proteger e ajudar os árbitros. Nós os ajudamos através de coisas como var, mas também temos que protegê-los de agressões, que infelizmente ocorrem em muitas partes do mundo. Hoje, os membros da IFAB concordaram em estabelecer iniciativas para enfrentar essas questões, incluindo possíveis julgamentos com câmeras corporais usadas por árbitros no futebol de base adulto. Não podemos ter jogadores, funcionários e às vezes até mesmo pais ou fãs agredindo ou agredindo árbitros. Temos que ser muito firmes e hoje a IFAB deu um passo muito importante nessa direção.

Lembrando: antes, quando o futebol era “mais lento”, eram permitidas duas substituições. Com a evolução e exigência física maior, passou-se a permitir três substituições. Com a precariedade das condições de saúde de muitos atletas, vitimados pela Covid, e as limitações do período pandêmico, abriu-se como exceção a permissão para cinco substituiçõesCom a “quase-normalidade”, ao invés de voltarmos a ter 3, aprovou-se a continuidade de 5 substituições com até 15 atletas no banco, numa clara demonstração de que se deseja ampliar o tempo de jogo (mais atletas para compensar o desgaste maior)

Em tempo: uma novidade: o Português passou a ser mais um dos idiomas oficiais da FIFA. Isso quer dizer: chega de livro de regras com tradução equivocada, como tivemos anos atrás…

Imagem do livro de Regras do futebol mais antigo do mundo, extraído de: https://esporte.ig.com.br