A IMPORTÂNCIA DA PSICOLOGIA NO FUTEBOL

A IMPORTÂNCIA DA PSICOLOGIA NO FUTEBOL

UM ESTUDO SOBRE A CONTRIBUIÇÃO DA PSICOLOGIA NO CONTEXTO DO FUTEBOL PROFISSIONAL 


Sávio José Fernandes Machado1  Julia Santos Martins2  Renato Marcelo Resgala Júnior3 

RESUMO 

A psicologia do esporte é uma subárea da psicologia, que visa o estudo, consultoria e explicação das influências psicológicas nos indivíduos e grupos esportivos, recreativos, competitivos e afins. 

Aplica-se às diversas modalidades esportivas, dentre elas, o futebol. 

Este trabalho teve como objetivo investigar, por meio de uma revisão bibliográfica, a importância da psicologia no desempenho de jogadores do futebol profissional e revisar estudos bibliométricos no âmbito da psicologia do esporte com ênfase na psicologia do futebol. 

Para isso, foi realizada uma revisão bibliográfica e bibliométrica a partir de bases de dados da: Web of Science (WoS) e Scopus. 

Com base nas revisões, foi possível identificar a importância da psicologia no desempenho dos jogadores, destacando a necessidade de estudos sobre comportamentos, emoções e reações para compreender melhor o papel do pensamento no campo.  

Perfomance. 

1 Graduando em Psicologia- Centro Universitário Redentor.  

2 Docente Centro Universitário Redentor, Psicóloga especialista em Terapia Cognitivo, Comportamental.  

3 Docente Centro Universitário Redentor, Doutor em Sociologia Política  

INTRODUÇÃO 

A compreensão e investigação dos aspectos psicológicos que influenciam o desempenho dos atletas é uma tarefa crucial, especialmente em esportes de alto rendimento, onde há uma busca constante por resultados cada vez melhores e otimização da performance (FABIANI, 2009; TREVELIN; ALVES, 2018). 

A psicologia do esporte, a qual é uma subárea da ciência do esporte, tem em vista estudar a psicologia no contexto esportivo, buscando estratégias para melhorar o alto rendimento dos atletas (RUBIO, 2007). 

O estudo da psicologia esportiva vem crescendo constantemente e, com sua expansão, é cada vez mais comum a sua aplicação em diversos esportes, incluindo o futebol. 

O futebol é um esporte praticado há décadas e que vem se modernizando ao longo dos anos. 

Além de ser uma forma de união entre as pessoas, ele também é utilizado para geração de renda e movimentação de empregos e recursos financeiros (FECHIO; PECCIN; PADOVANI, 2021). 

Este esporte coletivo exige que os jogadores desenvolvam habilidades e tomem decisões rápidas em situações de alta pressão. 

Para atuar nesse esporte, é necessário ter disciplina, dedicação e resiliência psicológica, uma vez que o jogo pode ser altamente imprevisível e desafiador (GALLI; GONZALEZ, 2014). 2653 

No exercício de suas funções, os jogadores precisam dominar habilidades táticas, estratégicas e perceptuais, além de tomar decisões rápidas durante o jogo. 

Essas ações dependem da cognição do indivíduo, ou seja, da sua percepção e conhecimento. 

No entanto, esse tipo de atividade mental demanda esforço e pode resultar em fadiga mental a longo prazo. 

A fadiga mental é um estado psicobiológico de cansaço e falta de energia, causado por um período prolongado de atividade cognitiva. (TREVELIN; ALVES, 2018; KUNRATH et al., 2020). 

A maneira como um jogador lida com suas emoções e a expressa pode ter um impacto significativo em seu desempenho esportivo, tanto de forma positiva quanto negativa. 

Além de afetar sua imagem pública, as emoções do atleta podem influenciar diretamente o seu rendimento e desempenho durante a prática esportiva (KUNRATH et al., 2020). 

A importância da psicologia do esporte na preparação e treinamento de jogadores de futebol tem sido frequentemente destacada em discursos de atletas, comissão técnica e mídia. 

Tanto que, atualmente, alguns clubes de futebol contam com um Revista Ibero-Americana de Humanidades, Ciências e Educação. São Paulo, v.9.n.06. jun. 2023. ISSN - 2675 – 3375 Revista Ibero- Americana de Humanidades, Ciências e Educação- REASE      psicólogo esportivo como membro da comissão técnica (CASTELLANI, 2014). 

Com o intuito de compreender como as emoções afetam o desempenho dos jogadores de futebol e como a psicologia pode auxiliá-los em seu alto rendimento. 

Este estudo objetivou investigar, por meio de uma revisão bibliográfica e bibliométrica, a importância da psicologia no desempenho de jogadores do futebol profissional e revisar estudos bibliométricos no âmbito da psicologia do esporte com ênfase na psicologia do futebol.  

METODOLOGIA 

Foi realizada uma análise bibliométrica, que consiste na incorporação de aspectos quantitativos e qualitativos da literatura, mediante a esta abordagem é possível realizar as seguintes análises: 

(1) análise bibliométrica de citações. 

(2) análise bibliométrica de coautoria. 

(3) análise de palavras-chave/cartografia e 

(4) análise de acoplamento bibliográfico e 

(5) análise de conteúdo. Identificando os periódicos líderes de publicação na área e demonstrando que esses periódicos têm um impacto acadêmico particularmente alto (ARIA; CUCCURULLO, 2017; KHAN et al., 2022). 

Foram encontrados 14.934 artigos sobre psicologia do esporte e psicologia do futebol. 

Destes, foram selecionados  55 artigos, aqueles que tinham maior relevância, maior número de citações e que apresentavam as seguintes palavras-chave: autoconfiança, atenção, emoções, ansiedade, fadiga mental, percepção e desempenho.  

Posteriormente, uma organização dos principais conceitos que norteiam os artigos explorados foi realizado e foi seguidamente realizada a construção do texto científico. 2654 

O presente trabalho foi realizado a partir de bases de dados da: Web of Science (WoS) e Scopus disponibilizado na biblioteca virtual dos Periódicos da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES). 

A escolha da base de dados se deu por meio de análises bibliométricas no software Bibliometrix em linguagem do programa R (ARIA; CUCCURULLO, 2017). 

A investigação da temática foi realizada utilizando os seguintes critérios: 

a) artigos completos publicados em revistas; 

b) artigos com datas de publicação entre 1986 - 2023; 

c) artigos que apresentam como tópico principal “soccer psychology” e “sport psychology”; d) artigos escritos em inglês, português ou espanhol.  

Já a revisão bibliográfica, consiste na análise do conhecimento previamente pesquisado e documentado sobre um determinado assunto, bem como do conjunto de teorias e conceitos que embasam a construção da pesquisa. 

Sendo essencial para embasar teoricamente uma pesquisa, fornecer um panorama do conhecimento existente, evitar redundâncias, identificar oportunidades de pesquisa e situar o estudo dentro de um contexto mais amplo. 

É uma etapa crucial para o desenvolvimento de pesquisas de qualidade e contribuições significativas para a área de estudo (CONFORTO; AMARAL; SILVA, 2011). 

DESENVOLVIMENTO 

A Psicologia do Esporte (PE) é uma subárea da Psicologia que existe há muito tempo, com raízes na Grécia Antiga. 

Aristóteles e Platão investigaram sobre a função da percepção e da motilidade dos movimentos, usando conceitos de corpo e alma que serviram como base para o desenvolvimento desta área (SAMULSKI, 2009; MACEDO; ROBERTO, 2021). 

Embora a Psicologia do Esporte tenha raízes antigas, é considerada uma ciência relativamente recente. 

No final do século XIX, já haviam relatos de estudos sobre a psicofisiologia no esporte. 

Porém, foi no início do século XX que se desenvolveu uma compreensão mais sólida sobre a influência psicológica no desempenho físico dos atletas, com o controle emocional sendo identificado como um dos fatores importantes para o sucesso dos atletas. 

Nessa época, houve publicações sobre o assunto escritas por educadores, atletas e jornalistas, mas sem o fundamento científico suficiente, uma vez que a Psicologia ainda não era estabelecida com uma ciência (SAMULSKI, 2009; VIEIRA et al., 2010).  

De acordo com Vieira et al. (2010) em seu estudo sobre "Psicologia do Esporte: uma área emergente da psicologia", a Psicologia do Esporte teve sua origem no início do século XX em diversos países, como Alemanha, Inglaterra e Estados Unidos da América. 

Rubio (2000) relata que, por volta da metade do século XX, surgiram os primeiros estudos sobre Psicologia do Esporte no Brasil. 

O psicólogo João Carvalhaes foi o primeiro a realizar estudos sobre a psicologia no esporte, sendo considerado o pioneiro brasileiro sobre a temática. 

Ele trabalhava com psicologia aplicada ao esporte e psicotécnica, tendo realizado um trabalho com o clube de futebol São Paulo. Em reconhecimento a sua atuação na área, Carvalhaes recebeu o prêmio Centenário da Psicologia Científica (WALNY; AZEVEDO, 2003). 

A partir disso, a Psicologia do Esporte se expandiu para outras modalidades esportivas.  

No início do século XXI, foi fundada a Associação Brasileira de Psicologia do Esporte (ABRAPESP), que tinha por finalidade o zelo e incentivo no crescimento da ciência e da profissão de psicólogo do esporte, para promover o bem-estar e o desenvolvimento humano através do esporte e da atividade física (RUBIO, 2000; VIEIRA et al., 2010; ABRAPESP, 2021). 

Segundo o Estatuto da Associação Brasileira de Psicologia do Esporte (ABRAPESP) psicólogos do esporte são aqueles profissionais que possuem formação universitária em psicologia e experiências nas áreas de esporte e educação física, e trabalham no desenvolvimento de atividades que promovem o bem-estar humano em diversas situações esportivas, incluindo as competitivas, cooperativas, educacionais, de habilidade, de lazer e outras relevantes (ABRAPESP, 2021). 

Os psicólogos do esporte têm um papel fundamental na promoção da saúde mental e emocional dos atletas e no aprimoramento de seu desempenho esportivo, contribuindo para o desenvolvimento de uma cultura esportiva mais saudável e positiva. 

A psicologia do esporte é uma subdisciplina da psicologia, que abrange a investigação, consultoria clínica, educação e atividades programadas que buscam a compreensão, explicação e influência dos comportamentos de indivíduos e grupos, que tenham envolvimento com esportes, sejam eles competitivos, recreativos, exercícios físicos e afins (FELTZ, 1992; SINGER, 1993). 

Esta área acadêmica-científica, “psicologia do esporte", se aplica à intervenção profissional de conceitos psicológicos e ciências esportivas. 

Ela é utilizada por profissionais que se especializam em trabalhar com atletas ou praticantes de exercícios em diferentes contextos (VIEIRA et al., 2010). 

Segundo Weinberg e Gould (2001), a psicologia do esporte pode ser definida como o estudo das pessoas e de seus comportamentos em atividades esportivas e físicas e a aplicação do conhecimento nestas atividades. 

Nitsch (1989), diz ainda que a psicologia do esporte observa os efeitos psíquicos básicos de cognição, motivação e emoção, e também a realização de tarefas práticas do diagnóstico e intervenção, com base nos princípios éticos da profissão. 

A psicologia do esporte pode ser definida, portanto, como o estudo que apura os motivos e os impactos que as reações emocionais que o indivíduo expressa antes, durante a após atividades físicas, competitivamente ou não. 

Dessa forma, avalia como que as manifestações mentais podem afetar o desempenho do indivíduo, podendo por meio destas observações, prestar as assistências necessárias (NITSCH, 1986; PAIVA, CARLESSO, 2019). 

Esta ciência vem sendo aplicada em vários esportes. Atualmente, são  encontrados diversos estudos em distintas modalidades como, a influência psicológica no vôlei (de quadra e de praia) (EPIPHANIO, ALBERTINI, 2000; STEFANELLO, 2009; VIEIRA et al., 2010), no basquete (OLIVEIRA et al., 2022), no handebol (ZAMBRIN et al., 2016; NASCIMENTO JUNIOR et al., 2016), atletismo e natação (NASCIMENTO JUNIOR et al, 2021), ginástica artística (AL-MASHHADI, 2019), tênis de mesa (SUDO, SOUZA, 2012), no futebol (SCOPEL; ANDRADE; LEVANDOWSKI, 2006; MOREIRA; SOUZA; HAYDU, 2019) entre outros. 

Entre os esportes, o futebol é indiscutivelmente o esporte mais popular do mundo, tendo a Associação Federal Internacional de Futebol (FIFA) como órgão dirigente. 

Com mais de 200 milhões de jogadores ativos, tanto do gênero masculino quanto feminino, o futebol não só tem a maior base de participantes em todo o mundo, mas também é o esporte mais estudado. 

Como resultado, a pesquisa no campo do futebol tem crescido exponencialmente (MANNING; LEVY, 2006; KIRKENDALL et al., 2020). 

Estas pesquisas vêm ajudando a encontrar e solucionar as dificuldades vivenciadas pelos atletas. 

Uma das consequências da relação entre treinador e jogador  é o estresse enfrentado pelos jogadores de futebol profissional. 

Nos exercícios de suas funções, os treinadores podem ser duros e exigentes, o que pode desencadear consequências negativas para os atletas e prejudicar o desempenho deles. 

Essas consequências podem não ser intencionais, mas decorrentes da falta de informação sobre a situação  do jogador. 

A falta de comunicação e o comportamento dos treinadores podem ter um impacto negativo na saúde mental dos jogadores (KVILLEMO, et al., 2022). O desempenho dos jogadores de futebol também pode ser afetado negativamente pela percepção de um mau relacionamento entre os companheiros de equipe. 

A qualidade dos relacionamentos interpessoais dentro do time, tanto durante os  treinos e jogos quanto nos momentos de lazer, é fundamental para melhorar não só o desempenho individual dos atletas, mas também da equipe como um todo (KVILLEMO, et al., 2022). 

Outro ponto que merece destaque devido ao seu potencial enquanto agente estressor é o avanço das tecnologias de comunicação e informação. As mídias sociais têm publicado diversas notícias sobre futebol. 

No entanto, essas notícias podem gerar pressão negativa sobre os jogadores, por meio da desaprovação dos torcedores insatisfeitos com o desempenho e as conquistas dos atletas. 

A atenção que inicialmente é vista como positiva pode rapidamente se transformar em algo oposto, caso os jogadores falhem ou sejam menos proeminentes em uma partida. 

Isso pode levar alguns jogadores a fecharem suas contas em mídias sociais (KUNRATH et al., 2020; KVILLEMO, et al., 2022). 

Os jogadores iniciantes, mais jovens, podem enfrentar mais dificuldade do que os mais velhos ao lidar com críticas e comentários negativos. 

Ainda sobre a diferenças percebidas entre os jogadores com mais experiência, os jogadores de futebol altamente experientes (grupo profissional) são mais propensos a usar o ensaio mental de técnicas habilidades do que jogadores menos experientes. 

Essa descoberta sugere que a prática e a experiência podem ter um impacto significativo nas habilidades de imaginação dos jogadores de futebol, o que pode afetar positivamente seu desempenho no campo. 

Além disso, o estudo destaca a importância de treinar a imaginação como parte do treinamento esportivo para melhorar as habilidades dos atletas. 

As análises sobre as habilidades de imaginação revelaram uma diferença de grupo em imagens cognitivas específicas, indicando que os jogadores de futebol altamente experientes (grupo profissional) são mais propensos a usar o ensaio mental de técnicas habilidades do que atletas novatos, pré-intermediários, intermediários e semiprofissionais (GRUSHKO et al., 2016, p.183).  

Há diversos estudos que examinam o desempenho da psicologia no esporte para atletas do futebol profissional, que forneceram várias implicações importantes para  o praticante aplicado, no que pode, por sua vez, fornecer uma maior compreensão e percepção dos resultados de desempenho. 

Thelwell, Greenlees e Weston (2006), em seus estudos sobre o uso de treinamento de habilidades psicológicas para desenvolver o desempenho no futebol, relatam que: os resultados indicaram que dois dos três participantes melhoraram seu desempenho após a intervenção. 

Isso novamente sugere os benefícios potenciais da adoção de habilidades psicológicas para subcomponentes específicos de desempenho e levanta outras questões sobre a sensibilidade das pontuações globais de desempenho e sua adequação para o profissional aplicado (THELWELL; GREENLEES; WESTON, 2006. p. 260).    

A intervenção de habilidades psicológicas pode servir para melhorar aspectos específicos do desempenho humano, ao invés de apenas melhorar as pontuações globais. 

Esses resultados são relevantes porque enfatizam a importância de entender a natureza do desempenho humano e as habilidades que podem ser usadas para melhorá-lo. 

Vale ressaltar que há necessidade de questionar as pontuações globais de desempenho e sua adequação para profissionais aplicados. 

Isso sugere haver uma necessidade de desenvolver métricas de desempenho mais sensíveis e relevantes para profissionais aplicados, que considerem a complexidade e especificidade do desempenho em diferentes contextos. 

De acordo com o estudo de Tedesqui e Orlick (2015) sobre jogadores brasileiros de futebol de elite, é fundamental para o desempenho atlético compreender a importância do foco e da atenção. 

O estudo destaca que o foco no presente é uma estratégia importante para ajudar os atletas a manterem-se concentrados em aspectos controláveis de seu desempenho, evitando preocupações com aspectos incontroláveis. 

Os autores relatam que: [...] O foco no presente evita que os atletas se debrucem sobre aspectos incontroláveis de seu desempenho”; “[...] A perda de concentração (ou seja, distração) devido a preocupações de desempenho ou tarefas irrelevantes, o pensamento foi um fator importante que interferiu no melhor foco dos atletas atuais e desempenho subsequente”; “[...] 

Profissionais que desejam ajudar os atletas a manter um estado de atenção ideal ao longo do desempenho por desenvolvendo estratégias para lidar com essas fontes comuns de distração interna e externa (TEDESQUI; ORLICK,2015, p. 48). 

A perda de concentração ou distração é um fator comum que pode afetar o desempenho dos atletas. Preocupações com o desempenho ou tarefas irrelevantes podem interferir na capacidade do atleta de manter o foco e afetar negativamente o desempenho subsequente. 

Dessa forma, o foco e a atenção são cruciais para o desempenho atlético, que é importante desenvolver estratégias para ajudar os atletas a manter um estado de atenção ideal ao longo do desempenho. 

Além disso, a identificação e mitigação de distrações internas e externas pode ser fundamental para maximizar o desempenho atlético. 

A respeito de uma análise mais quantitativa dos dados, com base nas evidências sobre as implicações para a psicologia do esporte aplicadas a estudos do futebol serão sempre desenhadas e estudos futuros devem ser recomendados. Barker et al. (2013) relata que, pode-se observar um aumento significativo na produção científica relacionada à psicologia do esporte nos últimos anos. 

De 1997 a 2012, foram publicados cerca de 66 artigos sobre o tema, desde então, houve um aumento de 99,56% no número de publicações, de 2013 a 2023. Dentre essas publicações, 7,39% correspondem a estudos sobre a psicologia do futebol. 

Dentre os estudos, as palavras mais frequentes exploradas pelos autores relacionadas ao tema foram: autoconfiança (NAVIA et al., 2019; CASTILLO-RODRIGUEZ et al., 2022), atenção (BRIMMELL et al., 2021), emoções (IVARSSON et al., 2019; BREUER; RUMPF; BORONCZYK, 2021; RUMBOLD, et al., 2022), ansiedade (MELGUIZO-IBÁÑEZ et al., 2022; RODRIGUES et al., 2022) fadiga mental (PONCE-BORDÓN et al., 2022; FORTES et al., 2023), desempenho (SELMI et al., 2023), percepção (AGUADO-MÉNDEZ et al., 2021), entre outras. 

Os países com maiores influências na área, apresentando estudos relevantes sobre psicologia do futebol, se destacam Espanha, Inglaterra, Alemanha, Estados Unidos da América, China. 

O Brasil, encontra-se em quinto lugar nessa estimativa, com aproximadamente 9,46% de contribuição. No entanto, os países com maiores números de citação nos últimos cinco anos, encontram-se em primeiro lugar Inglaterra, seguido da Espanha, Alemanha, Canadá e Brasil. 

Tendo em vista que o Brasil tem uma importante contribuição na psicologia do futebol, apresentando estimativas de contribuição relevantes, o país tem uma rica história no esporte, tendo conquistado cinco títulos de futebol ao nível mundial, sendo considerado o país com maior número de Copas do Mundo. 

Além disso, o país possui clubes nacionais em evidência, com bom rendimento e apresentando bons resultados nos jogos. 

É importante destacar que, apesar do país se encontrar na quinta posição no ranking de influência na área, o Brasil tem um grande potencial na produção de estudos científicos de qualidade sobre o assunto, podendo assim, contribuir para o desenvolvimento da psicologia no futebol. 

Dada esta significância, é possível observar por meio da revisão bibliométrica, o impacto que a psicologia tem nos jogadores, e que a realização de estudos de comportamentos, emoções, reações e afins, possibilitam maior compreensão sobre as inferências do pensamento em meio do campo. 

Dessa forma, o futebol é um esporte que demanda física e mentalmente dos jogadores, além da percepção e cognição, desse modo a aplicação da psicologia no futebol pode contribuir positivamente no desenvolvimento e rendimento dos atletas, influindo diretamente nos resultados.  

Portanto, esta ciência visa compreender os reflexos do ambiente esportivo, incluindo as características psicológicas dos atletas e como elas afetam o desempenho. 

Além disso, também tem em vista entender como a saúde mental influencia as pessoas nesse contexto (WEINBERG, GOULD, 2016). 

Sendo assim, a psicologia não só visa compreender e auxiliar os profissionais do esporte, mas também tem como objetivo primordial promover o bem-estar dos jogadores, que muitas vezes enfrentam longas viagens, períodos extenuantes de treinamento, fadiga mental e pressão da mídia. 

Os estudos realizados nesta área permitem a formulação de hipóteses e o compartilhamento de dados, auxiliando em pesquisas futuras e contribuindo para a compreensão dos comportamentos e reações dos indivíduos no ambiente esportivo. 

CONSIDERAÇÕES FINAIS 

A revisão bibliométrica demonstra a importância da psicologia no desempenho dos jogadores, destacando a necessidade de estudos sobre comportamentos, emoções e reações para compreender melhor o papel do pensamento no campo. 

O futebol é um esporte que exige muito dos jogadores, tanto fisicamente quanto mentalmente, e a aplicação da psicologia pode ter um impacto positivo no desenvolvimento e no desempenho dos atletas, influenciando diretamente nos resultados. 

Os resultados encontrados oferecem uma visão abrangente dos estudos sobre a psicologia do esporte no contexto geral e de forma específica na modalidade futebolística nos últimos anos. 

Observa-se que a produção científica nesta área é significativa em países de primeiro mundo, como Reino Unido, Alemanha, Canadá e China, o que pode explicar o destaque desses países em termos de desempenho no esporte. 

Embora o Brasil não seja um país de primeiro mundo, há um esforço em produzir informações sobre a área psicológica, especialmente considerando o destaque de equipes profissionais e o desejo de contribuir para o desenvolvimento de jogadores nas categorias de base. 

Embora tenha sido encontrada uma quantidade significativa de produções, é importante ressaltar que a pesquisa foi realizada em uma única base de dados, sugerindo a necessidade de buscar em outros periódicos para obter uma análise mais completa da dimensão dos estudos na área.      

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 

ABRAPESP, Associação Brasileira de Psicologia do Esporte. 2021. Disponível em: https://www.abrapesp.org.br/estatuto. Acesso em: 19 de abr. 2023. AL-MASHHADI, R. A. A. Social desire and physical psychological manifestations and their relationship to the performance of artistic gymnastics skills. Journal of Physical Education, v. 30, 2019. AGUADO-MÉNDEZ, R. D. et al. Perceptions of Football Analysts Goal-Scoring Opportunity Predictions: A Qualitative Case Study. Frontiers in Psychology, v. 12, p. 735167, 2021. ARIA, M.; CUCCURULLO, C. bibliometrix: Uma ferramenta R para análise abrangente de mapeamento científico. Journal of informetrics, v. 11, n. 4, p. 959-975, 2017. BARKER, J. B. et al. A review of single-case research in sport psychology 1997–2012: Research trends and future directions. Journal of Applied Sport Psychology, v. 25, n. 1, p. 4-32, 2013. BREUER, C.; RUMPF, C.; BORONCZYK, F. Sponsor message processing in live broadcasts—A pilot study on the role of game outcome uncertainty and emotions. Psychology & Marketing, v. 38, n. 5, p. 896-907, 2021. BRIMMELL, J. et al. Think, see, do: Executive function, visual attention, and soccer penalty performance. Sport, Exercise, and Performance Psychology, v. 10, n. 2, p. 290, 2021. 2662 CASTELLANI, R. M. Futebol e psicologia do esporte: contribuições da psicologia social.Conexões, v. 12, n. 2, p. 94-113, 2014. CASTILLO-RODRIGUEZ, A. et al. Level of precompetitive anxiety and self-confidence in high level Padel players. Frontiers in Psychology, v. 13, 2022. CONFORTO, E. C.; AMARAL, D. C.; SILVA, S.L. da. Roteiro para revisão bibliográfica sistemática: aplicação no desenvolvimento de produtos e gerenciamento de projetos. Trabalho apresentado, v. 8, 2011. EPIPHANIO, E. H.; ALBERTINI, P. Acompanhamento psicológico junto a uma equipe de vôlei feminino: relato de uma experiência.  FABIANI, M. T. Psicologia do Esporte: a ansiedade e o estresse pré-competitivo. In:Congresso Nacional de Educação: EDUCERE. p. 12337-12345, 2009. FECHIO, J. J.; PECCIN, M. S.; PADOVANI, R. C. Trajetória esportiva e habilidades psicológicas de jogadores de futebol da seleção brasileira. Movimento (Porto Alegre), v. 27, p. 27071, 2021.  FELTZ, D. The nature of Sport psychology. In T. Horn (Ed.) Advances in Sport psychology (pp. 3-11). Champaign: Human Kinetics, 1992. FORTES, L. S. et al. Effect of mental fatigue on decision-making skill during simulated congested match schedule in professional soccer athletes. Current Psychology, p. 1-9, 2023. GALLI, N.; GONZALEZ, S. Psychological resilience in sport: A review of the literature and implications for research and practice. International Journal of Sport and Exercise Psychology. p. 243-257, 2014. GRUSHKO, A. I. et al. Does the motivation, anxiety and imagery skills contributes to football (soccer) experience?. Procedia-social and behavioral sciences, v. 233, p. 181-185, 2016 IVARSSON, Andreas et al. Histórias de futebolistas femininas de elite sobre fatores socioculturais, emoções e comportamentos anteriores à lesão do ligamento cruzado anterior. International Journal of Sport and Exercise Psychology , v. 17, n. 6, pág. 630-646, 2019. KHAN, A. et al. A bibliometric review of finance bibliometric papers. Finance Research Letters, v. 47, p. 102520, 2022. KIRKENDALL, D. T. et al. Evolution of soccer as a research topic. Progress in Cardiovascular Diseases, v. 63, n. 6, p. 723-729, 2020. KVILLEMO, P. et al. Mental health problems, health risk behaviors, and prevention: A qualitative interview study on perceptions and attitudes among elite male soccer players. Frontiers in Public Health, v. 10, 2022. 2663 KUNRATH, C. A.; CARDOSO, F. S. L.; CALVO, T. G.; COSTA, I. T. da. RevistaBrasileira de Medicina Esportiva, v. 26, n. 2, 2020. MACEDO, F. L.; ROBERTO, T. G. A importância e os benefícios da psicologia do esporte: revisão da literatura. Revista InterCiência-IMES Catanduva, v. 1, n. 5, p. 2-2, 2021. MANNING, M. R.; LEVY, R. S. Soccer. Physical Medicine and Rehabilitation Clinics, v. 17, n. 3, p. 677-695, 2006. MELGUIZO-IBÁÑEZ, E. et al. An explanatory model of the relationships between sport motivation, anxiety and physical and social self-concept in educational sciences students. Current Psychology, p. 1-11, 2022. MOREIRA, G. D.; SOUZA, S. R.; HAYDU, V. B. Principios del Análisis de Comportamiento Aplicados al Análisis de Juego. Psicologia: Ciência e Profissão, v. 39, 2019. NASCIMENTO JUNIOR, J. R. A. et al. Análise das relações entre ansiedade, estado e coesão de atletas de handebol. Revista Psicologia: Teoria e Prática, 18(2), 89-102. São Paulo, SP, maioago. 2016.   NASCIMENTO JUNIOR, J. R. A. et al. The role of resilience on motivation among brazilian athletics and swimming parathletes. Journal of Physical Education, v. 32, 2021. NAVIA, J. A. et al. Self-control in aiming supports coping with psychological pressure in soccer penalty kicks. Frontiers in psychology, v. 10, p. 1438, 2019. NITSCH, J. R. Anwendungsfelder in der Sportpsychologie. Koeln: bps-Verlag, 1986. NITSCH, J. R. Zur Lage der Sportpsychologie in der Bundes-republik Deutschland. In: EBERSPAECHER, H.; HACKFORT, D. Entwicklungsfelder der Sportpsychologie. Koeln: bps Verlag, 1989. OLIVEIRA, L. C. R. et al. Effect of training session on mood state responses in athletes of wheelchair basketball team. Journal of Physical Education, v. 32, 2022. PAIVA, E. M.; CARLESSO, J. P. P. A importância do papel do psicólogo do esporte na atualidade: relato de experiência. Research, Society and Development, v. 8, n. 3, p. 01-17, 2019. RODRIGUES, A. F. A. et al. Evaluation of anxiety and depression symptoms among u-20 soccer athletes in recife-pe: a cross-sectional study. Revista Brasileira de Medicina do Esporte, v. 29, 2022. RUBIO, K.Psicologia do Esporte: Interfaces, pesquisa e Intervenção. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2000. RUBIO, K. Da psicologia do esporte que temos à psicologia do esporte que queremos. Revista brasileira de Psicologia do Esporte, v. 1, n. 1, 2007 2664 RUMBOLD, J. L. et al. Assessing post-game emotions in soccer teams: The role of distinct emotional dynamics. European Journal of Sport Science, v. 22, n. 6, p. 888-896, 2022. SAMULSKI, D. Psicologia do Esporte: conceitos e novas perspectivas. Barueri: Manole, 2009. SINGER, R.. Sport Psychology: an integrated approach. In. Serpa, S.; Alves, J.; Ferreira, V. e Brito, A. Proceedings of the 8th world congress in sport psychology (pp. 131-146). Lisboa: SPPD – FMH, 1993. SCOPEL, E.; ANDRADE, A.; LEVANDOWSKI, D. C. Avaliação das características de personalidade de goleiros profissionais e amadores. Psicologia: ciência e profissão, v. 26, p. 270279, 2006. STEFANELLO, J. M. F. Competências psicológicas no vôlei de praia de alto rendimento: síntese e recomendação para o treinamento. Motriz. Revista de Educação Física. UNESP , pág. 996-1008, 2009. SUDO, C. H.; SOUZA, S. R. Intervenção comportamental para treinadores no uso do estabelecimento de metas no tênis. Estudos de Psicologia (Campinas), v. 29, p. 563-576, 2012.  TREVELIN, F.; ALVES, C. F. Psicologia do esporte: revisão de literatura sobre as relações entre emoções e o desempenho do atleta. Psicologia Revista, v. 27, p. 545-562, 2018. VIEIRA, L. F. et al. Análise do autoconceito de atletas de voleibol de rendimento.Revista Brasileira de Educação Física e Esporte, v. 24, p. 315-322, 2010. VIEIRA, L. F. et al. Psicologia do esporte: uma área emergente da psicologia.Psicologia em estudo, v. 15, p. 391-399, 2010. TEDESQUI, R. A. B.; ORLICK, T. Brazilian elite soccer players: Exploring attentional focus in performance tasks and soccer positions. The Sport Psychologist, v. 29, n. 1, p. 41-50, 2015. THELWELL, R. C.; GREENLEES, I. A.; WESTON, N. J. V. Using psychological skills training to develop soccer performance. Journal of applied sport psychology, v. 18, n. 3, p. 254270, 2006. SELMI, O. et al. Monitoring mood state to improve performance in soccer players: A brief review. Frontiers in Psychology. p. 1 - 11, 2023. PONCE-BORDÓN, J. C. et al. How does the manipulation of time pressure during soccer tasks influence physical load and mental fatigue?. Psychology of Sport and Exercise, p. 102253, 2022. WALNY, M. F. C.; AZEVEDO, M. L. B. João Carvalhaes: pioneiro da Psicologia do Esporte. 2003.  

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

ARBITRAGEM DE FUTEBOL COMO PAPEL SOCIAL

O VAR e a posição de impedimento

PELA SAÚDE DO MESTRE GUSTAVO ROGÉRIO